O mistério do Duende: a desaparição em Sines de um rebocador espanhol (1978)
O rebocador espanhol Duende desapareceu algures entre os dias
6 e 7 de Fevereiro de 1978 na costa portuguesa a sul de Lisboa.
Depois de ter contactado via rádio com o seu armador, relatando encontrar-se a uma hora de navegação da desembocadura do rio Tejo, com bom tempo e sem qualquer novidade, o rebocador desapareceu para sempre algures na costa portuguesa. O motivo do seu desaparecimento continua até hoje por explicar.
O MISTÉRIO DO DUENDE
O rebocador Duende, de 143 toneladas, foi construído em Nova Iorque em 1944, tendo feito de Santander, durante praticamente toda a década de 70, o seu porto de abrigo.
Em 1978, foi adquirido pela Compañia Ibérica de Remolcadores del Estrecho S.A. (CIRESA), que precisava dele para
laborar no porto de Algeciras, próximo do Estreito de
Gibraltar. Para isso, era preciso que o Duende largasse do País Basco e fizesse toda a fachada da Península Ibérica, recorrendo para tal toda a costa portuguesa.
Assim sendo, o rebocador alou ferro do porto cantábrico a 22 de Fevereiro largando rumo ao sul de Espanha.
O mau tempo que encontrou obrigou-o a arribar por duas vezes na Galiza, primeiro em Burela e depois em La
Coruña. Marchou então de novo para sul. Ao largo de Torres Vedras, a tripulação do Duende terá certamente avistado o cargueiro cipriota "Alchimist Emdem", encalhado desde 15 de Fevereiro na praia de Cambelas, desde sempre autêntico cemitério de navios.
A 6 de Março, o Duende encontrava-se já ao largo de Lisboa quando foi
estabelecido um contacto rádio que não deixou transparecer nada de anormal; reportou bom tempo e nada a
assinalar, estando a navegar com
destino a Huelva, onde se previa que chegasse no dia seguinte.
Esta foi a última
comunicação estabelecida com o rebocador.
Tardando a chegar a Huelva e não
respondendo às chamadas, no dia 9 de Março as autoridades maritimas espanholas
dão início a buscas, buscas essas nas quais colaboram meios portugueses. Os esforços de pesquisa decorrem sem sucesso.
No
dia 11 de Março a Capitania de Huelva mobiliza os navios de pesca da sua
jurisdição para que batam a zona entre Ayamonte e o cabo de São Vicente.
No dia 13 de Março a Marinha espanhola envia o navio de guerra Cándido Pérez patrulhar a zona entre Cádiz e o cabo de São Vicente, acompanhado por dois helicópteros da base naval de Rota. Nesse mesmo dia 13 de Março é encontrado, numa praia perto de Sines, um cadáver que é identificado como sendo um dos tripulantes do Duende, Marcos Lloret Tonda, um maquinista naval de 55 anos, morador em Algeciras. Segundo o periódico espanhol ABC, o cadáver encontrado envergava apenas roupa interior, o que deixaria supor que estivesse a dormir quando algo terá acontecido. Também na mesma praia de Sines foram encontradas duas balsas salva-vidas do Duende, ambas apresentando danos, aparentemente provocados por abordagem por colisão.
Dois dias depois, outros dois corpos foram também arrojados à praia.
Se a imprensa avançou logo com a possibilidade
de que, ao largo de Sines, o rebocador Duende
poderia ter sofrido um abalroamento com um navio de grande dimensão, como um
super-petroleiro, que nem sequer teria dado pela colisão, o inquérito elaborado pela Marinha
espanhola também considerou a hipótese de abalroamento com um navio de grande
dimensão, devido ao forte nevoeiro existente na zona.
Salvaguardou, no entanto, que
devido à inexistência de qualquer tipo de provas ou indícios, a incerteza da teoria.
Os peritos optaram por deixar claro não ter dados para opinar sobre as causas
que terão provocado o desaparecimento e provável naufrágio do rebocador Duende, arquivando o processo a 20 de Junho de 1978.
Quanto aos tripulantes desaparecidos, os seus corpos nunca foram encontrados. Em Janeiro de 2010, há apenas oito anos atrás, foi oficialmente pedida a emissão da última certificação de óbito presumido.